Finalmente tratarei aqui daquele artigo que comentei, mas ressalto que apenas citarei trechos que achei mais relevante citar no momento, e caso vcs tenham o interesse de ler a matéria na integra, aqui vai a referência.
Em busca da cura, por Pierangelo Garzia, páginas 29-35 (Revista Mente & Cérebro, ano XVIII, nº 220)
... No campo da medicina, a palavra "milagre" refere-se à remissão espontânea e surpreendente de uma patologia grave, degenerativa ou terminal. O registro mais recente de cura sem explicação científica é o da dona de casa italiana Antonia Raco, de 51 anos. ... Diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença neurodegenerativa, a paciente afirma que deixou de manifestar sintomas - o que foi atestado pelos médicos - após ter feito uma peregrinação ao santuário de Lourdes, na França. (Ligação com o Espiritismo !? - prova/expiação/merecimento)
A medicina reconhece casos de pacientes terminais que, contrariando prognósticos, sobreviveram por muitos anos - um mistério que a ciência ainda não consegue explicar.
Episódios como esse, em geral associados à tradição cristã, costumam causar alvoroço ao serem divulgados pela mídia. Mas também há testemunhos de curas e materializações entre seguidores do guru indiano Sathya Sai Baba e entre adeptos das práticas espirituais que requerem a ação de curandeiros. A maioria das hipóteses científicas para explicar esses processos gira em torno do poder da sugestão, da reação emocional que pode desencadear respostas físicas ou de relações entre mente, cérebro e corpo ainda desconhecidas. Afinal, seguindo a leitura "científica" e laica, se a emoção pode nos deixar doentes, ela também poderia nos curar.
... A possibilidade de que haja efeito psicológico benéfico na prece parece bastante provável. As pesquisas de Koening indicam que a prática costuma trazer sensação de bem-estar, confiança e relaxamento. Ele acredita que o ato de rezar estimula mecanismos sutis do psiquismo que, se forem compreendidos mais a fundo, poderiam adquirir grande importância no tratamento das enfermidades.
... Entretanto, na contramão dos indícios dos benefícios da crença espiritual, um estudo publicado no The American Heart Journal, em 2006, sugere que as preces até podem, em alguns casos, afetar pacientes de maneira negativa. (E aqui descreverei uma experiência concordando com este parágrafo. Infelizmente uma tia católica "apostólica romana", que tem epilepsia, se diz curada por Jesus e apesar da sua notável piora, também acarretada pelo fumo descontrolado e indevido e pela mente "doentia", nega-se a dar continuidade aos tratamentos, dificultando todo o processo do seu caso). Pois, diversas reações podem ser provocadas não pelos efeitos da prece em si, mas pela ansiedade e expectativa de uma melhora rápida favorecida pelas orações.
... Embora as crenças (ou descrenças) sejam aspectos importantes da vida de uma pessoa - e em grande parte determinem sua relação consigo e com os outros, influindo em hábitos que afetam sua saúde e até no grau de adesão ao tratamento, anamneses e fichas clínicas invariavelmente trazem informações limitadas sobre essa área. Raros são os serviços de saúde que levam em conta a relação do doente com sua fé. E de acordo com alguns cientistas, esses dados deveriam ser observados, e "a tal" intervenção milagrosa, estudada e considerada como provável.
O acompanhamento de pessoas por mais de 20 anos mostra que a crença em uma "força maior" pode estar relacionada à melhora das funções imunológicas e à longevidade.
... Gramatica observa que assim como na física, a religião se baseia no raciocínio de que o universo é constituído por matéria e energia, e essas categorias estão intimamente relacionadas. "Mas a realidade não é constituída somente pelo mundo das moléculas; na religião consideramos também a dimensão espiritual, que confere sentido às outras duas", afirma. Para o físico, o milagre é uma intromissão - incomum - do futuro no presente, um intercâmbio tangível, lícito e inteligível. Ele não vê contradição entre ciência e fé, entre leis da natureza e milagres. O que falta, provavelmente, é entender melhor o universo - dentro e fora de nós.
Continuo na próxima postagem.
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