Ontem estava relendo a DECLARAÇÃO DE SALAMANCA,
de 1994 – PAY ATTENTION! -, quando então ao lê-lo, liguei o que lia às
palavras ditas por meus novos amigos, Fabinho Fernandes e Rosane Miccolis, sexta-feira passada, na minha turma do curso da pós latu sensu. Bom, creio ser relevante
situar aqueles que não estão a par sobre o que significa essa Declaração de
Salamenca: Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades
Educativas Especiais. Transcrevendo, então, o seguinte:
“1. Nós, os
delegados da Conferência Mundial de Educação Especial,
representando 88 governos e 25 organizações
internacionais em assembléia aqui
em Salamanca, Espanha, entre 7 e 10 de junho de
1994, reafirmamos o nosso
compromisso para com a Educação para Todos,
reconhecendo a necessidade e
urgência do providenciamento de educação para as
crianças, jovens e adultos
com necessidades educacionais especiais dentro do
sistema regular de ensino e
re-endossamos a Estrutura de Ação em Educação
Especial, em que, pelo espírito
de cujas provisões e recomendações governo e
organizações sejam guiados.”
Beleza, ok! Isso é
bonito e muito tocante. Toda criança tem direito FUNDAMENTAL à educação,
portanto, DEVE ser dada a oportunidade desta atingir e manter o nível adequado
de aprendizagem. Ademais, toda criança possui características, interesses,
habilidades e necessidades de aprendizagem que são ÚNICAS. O quanto é
imprescindível sempre frisarmos isso, não? Pois infelizmente ainda não vejo tal
coisa em prática. Salvo algumas exeções, claro. Temos exemplos belíssimos na
rede pública mesmo; todavia estamos ainda no comecinho da história.
Well, eu quero fazer a diferença. Todos os professores devem ter esse
pensamento de fazer a diferença. Contribuir para a sensível e significativa
mudança. Afinal se não foi por esse motivo que você fez Pedagogia, se não está
engajado, tampouco acredita que sim é possível, please, saía da área. Busque
outra coisa, amigo. Pois embora desde adolescente ouça mamãe dizer que tudo é
difícil, que sonhos não existem (“Pobre não nasceu para sonhar”, diz ela) e que
outro dia mesmo tenha lido uma matéria na qual uma senhora bem situada no setor
de RH – Recursos Humanos -, que dificilmente conseguimos trabalhar no que
gostamos; por favor. Come on!
Não sou de me omitir, portanto todos que me conhecem sabem o quanto eu
protesto, seja no facebook ou aqui neste espaço, dizendo que nossa sociedade é
hipócrita. Hipócrita, excludente AINDA, individualista e egoísta. Mas confesso
que às vezes me achava demasiadamente incrédula e “revoltada”. Não revoltada de
revoltada, tendo ódio etc., Deus me livre (rs), mas um pouco inflexível talvez
por ver a sociedade de um jeito e pessoas que se dizem amigas minhas a verem (e
me verem) de outro jeito. Louco, não? Eu sinto na pele, querido. Eu sou
experiência viva e sei muito bem como é e o quão grande é discrepante a prática
da teoria.
Contudo quando conheci a Rosane, ela disse que a sociedade não vê o ser que tem uma necessidade física/mental/auditiva
etc., ela vê apenas/somente a característica, a falta que aquele humano tem. Ou
seja, esta que aqui escreve não é a Hicla. Eu sou uma deficiência física, uma
síndrome chamada Ataxia Cerebelar. Aff!
Really? Sem nenhum problema, pelo contrário. É que sou muito mais, muito
além que isso. Nós somos muito MAIS do
que uma “falha” biológica. Aliás, quem é que não tem uma deficiência, uma
limitação? Falta empatia, amigos.
Precisamos de amor verdadeiro e incondicional. Nosso Mestre Nazareno nos
ensinou a amar o próximo como a nós mesmos. Por que é tão difícil nos
colocarmos no lugar do outro?
“Escolas
regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais
EFICAZES
de combater atitudes discriminatórias criando-se COMUNIDADES ACOLHEDORAS,
construindo uma sociedade inclusiva e alcançando EDUCAÇÃO PARA TODOS; além
disso, tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das
crianças
e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de
todo o sistema educacional.” Ah… So… Só não dá para colocar autistas, surdos e
cegos em uma sala regular com mais ou menos 30 alunos. No way! Sabe, desde os anos da faculdade ouço muitíssimo bem de uma
escola inclusiva, lá em Niterói. O nome dela é Paulo Freire, particulamente
ainda não a conheço pessoalmente, mas sei que ela faz um lindo trabalho de
inclusão. Inclusão de verdade. As crianças surdas e ouvintes ficam em salas
distintas, juntanto-as apenas fora de aula, no recreio etc. Além de ter aula de
LS para as crianças ouvintes interessadas em aprender mais e de modo sistêmico.
“O
princípio que orienta esta Estrutura é o de que escolas deveriam acomodar
todas as
crianças INDEPENDENTE de suas condições físicas, intelectuais,
sociais,
emocionais, linguísticas ou outras. Aquelas deveriam incluir crianças
deficientes
e super-dotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem
remota ou
de população nômade, crianças pertencentes a minorias lingüísticas,
étnicas
ou culturais, e crianças de outros grupos desavantajados ou
marginalizados.
Tais condições geram uma variedade de diferentes desafios aos
sistemas
escolares. No contexto desta Estrutura, o termo "necessidades
educacionais
especiais" refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas
necessidades
educacionais especiais se originam em função de deficiências ou
dificuldades
de aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades de
aprendizagem
e portanto possuem necessidades educacionais especiais em
algum
ponto durante a sua escolarização. Escolas devem buscar formas de
educar
tais crianças bem-sucedidamente, incluindo aquelas que possuam
desvantagens
severas. Existe um consenso emergente de que crianças e jovens
com
necessidades educacionais especiais devam ser incluídas em arranjos
educacionais
feitos para a maioria das crianças. Isto levou ao conceito de escola
inclusiva.
O desafio que confronta a escola inclusiva é no que diz respeito ao
desenvolvimento
de uma pedagogia centrada na criança e capaz de bem sucedidamente educar todas
as crianças, incluindo aquelas que possuam
desvantagens
severa. O mérito de tais escolas não reside somente no fato de que
elas
sejam capazes de prover uma educação de alta qualidade a todas as
crianças:
o estabelecimento de tais escolas é um passo crucial no sentido de
modificar
atitudes discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras e de
DESENVOLVER
UMA SOCIEDADE INCLUSIVA.”
Para finalizar por hora este texto, concluo ressaltando ainda mais que
Uma pedagogia centrada na criança pode impedir escolas centradas na criança são
base de treino para uma sociedade baseada no povo. Que RESPEITA tanto as
diferenças quanto a DIGNIDADE de todos os seres humanos. – SERES - Uma mudança
de perspectiva social é imperativa. Por período demasiadamente longo os
problemas das pessoas com deficiências têm sido compostos por uma sociedade que
INABILITA, que tem prestado mais atenção aos impedimentos do que aos potenciais
de tais pessoas. – E temos muito, asseguro. Embora sejamos obviamente
diferentes fisicamente e intelectualmente, quero deixar claro que todos somos
lindos, inteligentes e perfeitos.rs
Não olvidando que cada um tem seu ritmo, ok?