viernes, diciembre 16

Permita-me proferir para você essas palavras que traduzem como me sinto

"Perco a consciência, mas não importa, encontro a maior serenidade na alucinação. É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Ou pelo menos o que me faz agir não é o que eu sinto mas o que eu digo. Sinto quem sou e a impressão está alojada na parte alta do cérebro, nos lábios - na língua principalmente -, na superfície dos braços e também correndo dentro, bem dentro do meu corpo, mas onde, onde mesmo, eu não sei dizer. O gosto é cinzento, um pouco avermelhado, nos pedaços velhos um pouco azulado, e move-se como gelatina, vagarosamente. Às vezes torna-se agudo e me fere, chocando-se comigo. Muito bem, agora pensar em céu azul, por exemplo. Mas sobretudo donde vem essa certeza de estar vivendo? Não, não passo bem. Pois ninguém se faz essas perguntas e eu... Mas é que basta silenciar para só enxergar, abaixo de todas as realidades, a única irredutível, a da existência. E abaixo de todas as dúvidas - o estudo cromático - sei que tudo é perfeito, porque seguiu de escala a escala o caminho fatal em relação a si mesmo. Nada escapa à perfeição das coisas, é essa a história de tudo."

Trecho do poema: "O dia de Joana", de Clarice Lispector

Confesso

Esta semana o meu amigo e fonoaudiólogo disse que eu aparento ter o tipo S3, acho, de Ataxia Cerebelar, ou seja, a mais comum, Machado-Joseph. Confesso que desde então, ultimamente, movida pela curiosidade, procurei saber sobre tal tipo da característica que possuo. Embora admita pouco conhecer sobre, e até nem prefira conhecer muito. Alguns podem dizer que é por medo e por falta de responsabilidade, mas não me considero irresponsável, até porque mais do que ninguém, prezo pela minha saúde. E, talvez, provavelmente, por estimar minha boa saúde mental, não só a física; visto acreditar no quanto o psicológico influencia nosso físico, e que há muita discussão em tom de revolta melancólica e baixa auto-estima nos meus colegas também atáxicos, – o que é compreensível pelo quadro que enfrentam – busco não me sintonizar nessa energia densa que creio ser ainda mais prejudicial.
Não cabe a mim dizer aqui o que é Ataxia etc, mas o que me “moveu” a vir escrever sobre, dando a minha opinião, relato e experiência; quero mais uma vez ressaltar o quanto o nosso psicológico interfere e influencia visivelmente o nosso quadro físico. - Meus médicos dizem que sou exemplo e creio que isso é devido ao meu humor, fé e complacência. - Sei que ainda não há cura para nenhum tipo dessa enfermidade, e acreditem, sei o quanto é complicado e triste nos vermos, de repente, tão limitados e dependentes, mas a verdadeira fé é inabalável. Portanto, ânimo, meus colegas. O mundo não acabou! Há tanta tristeza e dor neste mundo. Olhemos para os lados; vamos ajudar o próximo, pois ajudando estamos nos ajudando também.
Tenhamos resignação e paciência, queridos companheiros.

Sei que cada caso é único, mas às vezes me pergunto o porquê estou tão bem em comparação aos demais com a mesma característica. Várias coisas passam pela minha cabeça, mas sempre acabo envolta na questão principal de ter feito este blog. Meu amigo, já citado, e a minha médica neurologista, dizem que o fato de estar com o meu quadro clínico estacionado há alguns anos, embora a doença seja degenerativa, progressiva, é devido ao meu alto-astral e vida social ativa que levo. Inclusive, ao fato de não me considerar doente, tampouco lembrar toda hora e/ou me limitar pelo fato de ter a Ataxia. É lógico que tenho consciência das minhas limitações físicas por conta da característica, mas nada me impedirá nunca de ser quem sou e fazer o que faço. Digo, sei, por exemplo, que não consigo descascar com a faca manga, maça etc e NADA me priva de dormir, pois sei que a fadiga nos é mortal; mas saio, danço, namoro, estudo, estudo e estudo, faço trabalhos voluntários etc. Até tiro onda com a minha fala disártrica. rs Fala sério, gente! Eu sou super feliz, pois sou filha de Deus e Ele, mais do que ninguém, quer sempre o meu bem (o nosso). Se Ele crê que sou capaz de suportar essa cruz, – e cada um tem a sua – nem de longe pretendo desprezar a Sua confiança a mim conferida. Alguém quer fazer um teste comigo? Pois eu garanto que um dia irei dar uma palestra e/ou escrever um livro sobre a minha experiência.

Amor = Aprendizado Significativo

Procurando uma biblioteca argentina on-line, encontrei um livro de 1901 do escritor educador Pablo Pizzurno, e ao lê-lo me deparei com palavras tão cativantes e profundas, que não há como não descrevê-las aqui. Portanto, abaixo seguem – 1º em seu idioma original e depois tentarei humildemente traduzi-las.

“El maestro que enseña sin hacer comprender y sentir,
ara, pero no siembra. “

El objeto último de la enseñanza de la lectura es que, el niño primero y el hombre depués, utilicen lo escrito, leyéndolo como medio de educarse, instruirse, recrearse. Para obtenerlo, no basta que se aprenda á vencer las dificuldades materiales de la lectura, es decir, á descifrar y pronunciar facilmente las palabras. Importa sobre todo, despertar el amor á la lectura, formar el hábito de leer. Pero esto no se conquista la atención del niño, si, no se gana su volontad por medio del interés que en él se despierte. 

Pizzurno, Pablo A. El libro del escolar. Buenos Aires : Fenández, [ca. 1901]


“O professor que ensina sem fazer compreender e sentir,
fará, mas não semeia”.

Resumindo o que Pizzurno acreditava:

É fundamental que o objetivo do ensino da leitura, que deve educar e instruir, é que a criança (homem em formação), faça dela um prazer inefável e do livro um amigo inseparável. Para isso é imprescindível que a leitura se torne um hábito e que o mesmo possa despertar a atenção e o amor da criança, não sendo suficiente que este vença suas dificuldades de pronunciação e “decifre” as palavras escritas.  Ademais, não podemos olvidar que sem despertar a sua vontade e interesse, a leitura não se tornará “mágica” para o pequeno, tampouco atrativa e sedutora.

lunes, diciembre 12

O QUE (DO QUE) VOCÊ ESTAVA RECLAMANDO MESMO???

Pela manhã, recebi um e-mail lindo e muito tocante, que me fez refletir e que certamente vocês também refletirão sobre o exemplo de superação, que abaixo transcrevo.

"Apresento-lhes um cachorro chamado FAITH (Fé)!

Este cachorrinho nasceu na Véspera de Natal no ano de 2002.

Nasceu apenas com as duas patas traseiras.

Como está claro, não conseguia andar, e até a sua própria mãe o
rejeitou.
Seu primeiro dono também pensou que ele jamais conseguiria andar, e
considerou "pô-lo a dormir"....

Nessa altura, a sua atual dona, Jude Stringfellow, conheceu-o e pediu
para ficar com ele.
Determinada, foi ela quem ensinou e treinou este pequeno cão a andar por
si só.

Chamou-lhe 'Faith'.

De princípio, ela colocou-o numa prancha de skate, para que sentisse o
movimento...usou depois manteiga de amendoim para atrai-lo, e como
recompensa para que ele se levantasse e saltasse, apenas nas duas
pernas. Ao fim de apenas 6 meses, o "Fé" começou a aprender a
equilibrar-se nas pernas traseiras, e a saltar para a frente, movendo-se
assim.

Depois de mais treinos na neve, ele pode  "caminhar" como um ser humano.

Faith adora movimentar-se por todo o lado agora.
Onde quer que  ele vá, atrai sobre si todas as atenções.
Tornou-se famoso na cena Internacional, e já apareceu em programas de
Televisão e em Jornais.
Está para ser publicado um livro sobre ele entitulado 'Com um pouco de
Fé'.

Considerou-se ainda incluí-lo num dos filmes de Harry Potter.

Sua dona, Jude Stringfellew , deixou o trabalho como Professora, e
planeja levá-lo numa volta ao mundo, pora mostrar que mesmo sem um corpo
perfeito, se pode ter uma alma perfeita.


Na Vida, existem sempre coisas que não desejamos, porém, basta olhar a
vida noutra perspectiva para que nos sintamos melhor.

Espero que esta mensagem traga para as pessoas, novas maneiras de pensar
e que possam sentir e agradecer cada novo dia como uma benção.

O Faith é a demonstração contínua do valor e maravilha que é a Vida.

Um pequeno pedido apenas: que esta história não deixe de circular". 

domingo, diciembre 11

Entrevista: Ron Clark

Professores são educadores, não babás.

Autor do 2º artigo mais compartilhado no Facebook em 2011, americano diz que pais desrespeitam regras de escolas, pondo em risco o futuro dos filhos

Nathalia Goulart
 
O segundo artigo mais compartilhado em 2011 por usuários americanos do Facebook foi escrito por um professor, Ron Clark (o primeiro trazia fotos da usina de Fukushima). Mais de 600.000 pessoas curtiram o texto na rede, escrito a pedido da rede de TV CNN e entitulado "O que os professores realmente querem dizer aos pais". O artigo descreve um cenário de guerra, travada entre pais e professores. Na visão de Clark, os pais vêm transferindo suas responsabilidades para a escola, sem, contudo, aceitar que seus filhos se submetam de fato às regras da instituição. Por isso, assim que surge a primeira nota vermelha ou uma advertência, invadem a sala de aula culpando os professores – a pretexto de preservar a reputação e o orgulho de seus filhos. "Precisamos estar mais atentos à excelência acadêmica e menos preocupados com a autoestima das crianças", diz o professor, na entrevista concedida a VEJA.com e reproduzida a seguir. "Essas crianças deixam de aprender que é preciso se esforçar muito para conseguir bons resultados. No futuro, elas não terão sucesso porque, em nenhum momento, exigiu-se excelência delas." Clark conhece sua profissão. Aos 39 anos, vinte deles dedicados à carreira, o americano já lecionou na zona rural da Carolina do Norte, nos subúrbios de Nova York e atualmente comanda uma escola modelo no estado da Geórgia que oferece treinamento a educadores. Graças à função, manteve, desde 2007, contato com cerca de 10.000 educadores de diversas partes do mundo, incluindo brasileiros.
Em seu artigo, o senhor fala de um ambiente escolar em que pais e professores não se entendem mais. O que tornou a situação insustentável, como o senhor descreve? A sociedade se transformou. Hoje, vemos pais muito jovens, temos adolescentes que se veem obrigados a criar uma criança sem ao menos estarem preparados para isso. São pessoas imaturas. Por outro lado, temos famílias abastadas, em que pais trabalham fora e são bem-sucedidos profissionalmente. Pela falta de tempo para lidar com os filhos, empurram toda a responsabilidade da educação para a escola, mas querem ditar as regras da instituição. Ou seja, eles querem que a escola eduque, mas não dão autonomia a ela.
Que tipo de comportamento dos pais irrita os professores? Acho que o ponto principal são as desculpas que os pais criam para livrar os filhos das punições que a escola prevê. Se um aluno tira nota baixa, por exemplo, ou deixa de entregar um trabalho, os pais vão à escola e descarregam todo tipo de desculpa: dizem que o filho precisava se divertir, que a escola é muito rigorosa ou que a criança está passando por um momento difícil. Ou, ainda, culpam os professores, dizendo que eles não são capazes de ensinar a matéria. Mas nunca culpam seus próprios filhos. É muito frustrante para os professores ver que os pais não querem assumir suas responsabilidades.
Problemas com notas são bastante frequentes? Sim. Certa vez tive uma aluna que estava indo mal em matemática. A mãe dela justificou-se dizendo que, na escola em que a filha estudara antes, ela só tirava boas notas, sugerindo, assim, que o problema éramos nós, os novos professores. Infelizmente, essa ideia se instalou na nossa sociedade. Se a nota é boa, o mérito é do aluno; se é baixa, o problema está com o professor. E quando as notas ruins surgem, os pais ficam furiosos com os professores. O resultado disso é que muitos profissionais estão evitando dar nota baixa para não entrar em rota de colisão com os pais, que nos Estados Unidos chegam a levar advogados para intimidar a escola.
Os pais poupam os filhos de lidar com fracassos? Hoje, existe uma preocupação grande com a autoestima da criança. Por isso, muitas pessoas se veem obrigadas a dizer aos pequenos que eles fizeram um ótimo trabalho e que são brilhantes, mesmo quando isso não é verdade. Essas crianças deixam de aprender que é preciso se esforçar muito para conseguir bons resultados. No futuro, elas não terão sucesso porque, em nenhum momento, exigiu-se excelência delas. Precisamos estar mais atentos à excelência acadêmica e menos preocupados com a autoestima das crianças.
Que conselho o senhor dá aos professores? É possível evitar que os pais surtem diante de notas ruins e do mau comportamento dos filhos se for construída uma relação de confiança. Em vez  de só procurar os pais quando as crianças vão mal na escola, oriento que os professores conversem com os responsáveis também quando a criança vai bem. Na minha escola, procuro conhecer os pais de todos os meus alunos. Procuro encontrá-los com frequência e envio cartas a eles com boas notícias. Assim, quando tenho que dizer que a criança não está rendendo o esperado, eles me darão credibilidade e confiarão na minha avaliação.
É possível determinar quando termina a responsabilidade dos pais e começa a da escola? As duas partes precisam trabalhar em conjunto. Os pais precisam da escola e a escola precisa do apoio da família para realizar um bom trabalho. Um conselho que sempre dou aos pais é que nunca falem mal da instituição de ensino ou do professor na frente dos filhos. Se a criança ouve os próprios pais desmerecerem seus mestres, perde o respeito por eles. O contrário também é verdadeiro. Os professores precisam respeitar os pais, porque eles são parte fundamental na educação de uma criança.
Em algumas situações a discussão sobre responsabilidades da família e da escola surge com muita força. Em casos de bullying, por exemplo, pais e professores trocam acusações. Sobre quem recai a maior parte da responsabilidade nesses casos? A minha resposta novamente é que precisamos trabalhar em conjunto. Quando o bullying acontece na escola, é obrigação dos professores intervir imediatamente. Mas muitos não agem assim porque querem evitar conflitos com os pais. E isso é muito grave. O bullying está devastando nossas crianças. Precisamos combatê-lo. Para que os professores tenham liberdade para agir, precisam do apoio dos pais. Mas você sabe o que acontece? Muitas vezes, quando os pais são chamados na escola para serem alertados de que seu filho está praticando bullying contra um colega de classe, o que ouvimos é: "Mas qual o problema disso? Tenho certeza de que outros colegas também zombam do meu filho e ele não se sente mal por isso." Mais uma vez, vemos os pais se esquivando da responsabilidade.
A que o senhor atribui o sucesso do artigo que estourou no Facebook? Eu escrevi o que todos os professores tinham vontade de dizer aos pais, mas não podiam dizer, porque isso os enfureceria. O que eu fiz foi dar voz a milhões de profissionais. Fiquei sabendo que muitas escolas imprimiram o texto e enviaram uma cópia a cada família. Na internet, pessoas de outros países também compartilharam a minha mensagem.
O senhor criou uma escola modelo, a Ron Clark Academy. Como é a relação de seus professores com os pais? Procuramos estabelecer uma relação próxima. Como eu disse, estamos constantemente em contato com os pais, nos bons e nos maus momentos. Também promovemos encontros semanalmente, nos quais ofereço aos pais a oportunidade de assistir a uma aula na escola, destinada exclusivamente a eles, para que acompanhem o que está sendo ensinado a seus filhos. Ou seja, trabalhamos muito para conquistar uma relação harmônica. Não estou dizendo que é fácil lidar com os pais. Alguns deles podem ser bem malucos.
O senhor, na sua escola, recebe professores de diversas partes dos Estados Unidos e tambem de outros países, como o Brasil. Além dos problemas de relacionamento com os pais, do que mais professores de todo o mundo reclamam? As avaliações tiram o sono dos professores. Não sei exatamente como funciona no Brasil, mas nos Estados Unidos os professores são constantemente cobrados a melhorar o desempenho de suas escolas em testes padronizados. E todo o processo educacional passa a girar em torno de algumas provas. Isso é massacrante, para os alunos e para os professores. Os professores precisam de mais diversão na sala de aula.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/pais-e-professores
 

Marco (para ser gavado)



A  Fundação Getúlio Vargas (FGV) 2012 realizará no próximo domingo o 1° vestibular adaptado para surdos. Mais de 20 candidatos realizarão a prova que dará vagas ao curso de Administração de Empresas.
Para atender a demanda a FGV 2012 investirá em interpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) durante a prova e também para acompanhar os futuros alunos.
Erros gramaticais serão desconsiderados pela banca, isto é desde que não comprometam o entendimento do texto. E os interpretes poderão traduzir os enunciados para os candidatos em qualquer momento.


Fonte: redação

jueves, diciembre 1

Sábio Woody Allen

"É muito difícil fazer sua cabeça e seu coração trabalharem juntos. No meu caso, eles não são nem amigos!" (Woody Allen)