domingo, abril 29

Destrinchando o Salamanca




Ontem estava relendo a DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, de 1994 – PAY ATTENTION! -, quando então ao lê-lo, liguei o que lia às palavras ditas por meus novos amigos, Fabinho Fernandes e Rosane Miccolis, sexta-feira passada, na minha turma do curso da pós latu sensu. Bom, creio ser relevante situar aqueles que não estão a par sobre o que significa essa Declaração de Salamenca: Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Transcrevendo, então, o seguinte:
“1. Nós, os delegados da Conferência Mundial de Educação Especial,
representando 88 governos e 25 organizações internacionais em assembléia aqui
em Salamanca, Espanha, entre 7 e 10 de junho de 1994, reafirmamos o nosso
compromisso para com a Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e
urgência do providenciamento de educação para as crianças, jovens e adultos
com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e
re-endossamos a Estrutura de Ação em Educação Especial, em que, pelo espírito
de cujas provisões e recomendações governo e organizações sejam guiados.”
Beleza, ok! Isso é bonito e muito tocante. Toda criança tem direito FUNDAMENTAL à educação, portanto, DEVE ser dada a oportunidade desta atingir e manter o nível adequado de aprendizagem. Ademais, toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são ÚNICAS. O quanto é imprescindível sempre frisarmos isso, não? Pois infelizmente ainda não vejo tal coisa em prática. Salvo algumas exeções, claro. Temos exemplos belíssimos na rede pública mesmo; todavia estamos ainda no comecinho da história.
Well, eu quero fazer a diferença. Todos os professores devem ter esse pensamento de fazer a diferença. Contribuir para a sensível e significativa mudança. Afinal se não foi por esse motivo que você fez Pedagogia, se não está engajado, tampouco acredita que sim é possível, please, saía da área. Busque outra coisa, amigo. Pois embora desde adolescente ouça mamãe dizer que tudo é difícil, que sonhos não existem (“Pobre não nasceu para sonhar”, diz ela) e que outro dia mesmo tenha lido uma matéria na qual uma senhora bem situada no setor de RH – Recursos Humanos -, que dificilmente conseguimos trabalhar no que gostamos; por favor. Come on!
Não sou de me omitir, portanto todos que me conhecem sabem o quanto eu protesto, seja no facebook ou aqui neste espaço, dizendo que nossa sociedade é hipócrita. Hipócrita, excludente AINDA, individualista e egoísta. Mas confesso que às vezes me achava demasiadamente incrédula e “revoltada”. Não revoltada de revoltada, tendo ódio etc., Deus me livre (rs), mas um pouco inflexível talvez por ver a sociedade de um jeito e pessoas que se dizem amigas minhas a verem (e me verem) de outro jeito. Louco, não? Eu sinto na pele, querido. Eu sou experiência viva e sei muito bem como é e o quão grande é discrepante a prática da teoria.
Contudo quando conheci a Rosane, ela disse que a sociedade não vê o ser que tem uma necessidade física/mental/auditiva etc., ela vê apenas/somente a característica, a falta que aquele humano tem. Ou seja, esta que aqui escreve não é a Hicla. Eu sou uma deficiência física, uma síndrome chamada Ataxia Cerebelar. Aff! Really? Sem nenhum problema, pelo contrário. É que sou muito mais, muito além que isso. Nós somos muito MAIS do que uma “falha” biológica. Aliás, quem é que não tem uma deficiência, uma limitação? Falta empatia, amigos. Precisamos de amor verdadeiro e incondicional. Nosso Mestre Nazareno nos ensinou a amar o próximo como a nós mesmos. Por que é tão difícil nos colocarmos no lugar do outro?
“Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais
EFICAZES de combater atitudes discriminatórias criando-se COMUNIDADES ACOLHEDORAS, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando EDUCAÇÃO PARA TODOS; além disso, tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das
crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de
todo o sistema educacional.” Ah… So… Só não dá para colocar autistas, surdos e cegos em uma sala regular com mais ou menos 30 alunos. No way! Sabe, desde os anos da faculdade ouço muitíssimo bem de uma escola inclusiva, lá em Niterói. O nome dela é Paulo Freire, particulamente ainda não a conheço pessoalmente, mas sei que ela faz um lindo trabalho de inclusão. Inclusão de verdade. As crianças surdas e ouvintes ficam em salas distintas, juntanto-as apenas fora de aula, no recreio etc. Além de ter aula de LS para as crianças ouvintes interessadas em aprender mais e de modo sistêmico.
“O princípio que orienta esta Estrutura é o de que escolas deveriam acomodar
todas as crianças INDEPENDENTE de suas condições físicas, intelectuais,
sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Aquelas deveriam incluir crianças
deficientes e super-dotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem
remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias lingüísticas,
étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desavantajados ou
marginalizados. Tais condições geram uma variedade de diferentes desafios aos
sistemas escolares. No contexto desta Estrutura, o termo "necessidades
educacionais especiais" refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas
necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou
dificuldades de aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades de
aprendizagem e portanto possuem necessidades educacionais especiais em
algum ponto durante a sua escolarização. Escolas devem buscar formas de
educar tais crianças bem-sucedidamente, incluindo aquelas que possuam
desvantagens severas. Existe um consenso emergente de que crianças e jovens
com necessidades educacionais especiais devam ser incluídas em arranjos
educacionais feitos para a maioria das crianças. Isto levou ao conceito de escola
inclusiva. O desafio que confronta a escola inclusiva é no que diz respeito ao
desenvolvimento de uma pedagogia centrada na criança e capaz de bem sucedidamente educar todas as crianças, incluindo aquelas que possuam
desvantagens severa. O mérito de tais escolas não reside somente no fato de que
elas sejam capazes de prover uma educação de alta qualidade a todas as
crianças: o estabelecimento de tais escolas é um passo crucial no sentido de
modificar atitudes discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras e de
DESENVOLVER UMA SOCIEDADE INCLUSIVA.”
Para finalizar por hora este texto, concluo ressaltando ainda mais que Uma pedagogia centrada na criança pode impedir escolas centradas na criança são base de treino para uma sociedade baseada no povo. Que RESPEITA tanto as diferenças quanto a DIGNIDADE de todos os seres humanos. – SERES - Uma mudança de perspectiva social é imperativa. Por período demasiadamente longo os problemas das pessoas com deficiências têm sido compostos por uma sociedade que INABILITA, que tem prestado mais atenção aos impedimentos do que aos potenciais de tais pessoas. – E temos muito, asseguro. Embora sejamos obviamente diferentes fisicamente e intelectualmente, quero deixar claro que todos somos lindos, inteligentes e perfeitos.rs
Não olvidando que cada um tem seu ritmo, ok?

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