domingo, junio 3

O Filho Eterno

Outro dia, assisti uma peça teatral baseada num romance de Cristovão Tezza e adaptação de Bruno Lara Resende. A peça é sensacional, história marcante e interpretação belíssima do ator Charles Fricks, do qual foi vencedor do Prêmio Shell 2012 de Melhor Ator.
Confesso que no início chorei, pois as primeiras cenas são muito chocantes, mas o final é lindo e muito emocionante. A história é sobre um homem que tem o seu primeiro filho com Síndrome de Down. Particularmente, como pedagoga especializada na educação de sujeitos surdos e como psicopedagoga, assisti a referente peça com olhar especial. Senti a tristeza, a rejeição e o repúdio daquele pai ignorante e infeliz, que com o tempo foi conhecendo e se aproximando cada vez mais do filho ao ponto de amá-lo verdadeiramente. É até compreensível a rejeição inicial por um filho "imperfeito", pois dentro da "nossa" cabecinha leiga e egoísta ansiamos por filhos perfeitos, belos - a hipocrisia nos ensina a desprezar e ignorar o feio, o imperfeito -, pedimos a Deus filhos completos e bravejamos contra Ele quando recebemos um anormal - tudo que é fora do normal não é ainda aceitável; mas o que seria normal e anormal, a quem cabe conceituar isso? -, um pechoso.
Conversando com uma conhecida, esta disse que estava grávida mas que houvera perdido seu baby, aí disse que foi até bom; pois imagina se viesse uma criança defeituosa? - ela disse. Senti tanta pena dela que me silenciei, mas essa é a realidade da nossa sociedade. É lamentável, porque Deus sabe a quem enviar seus anjinhos especiais. "Não estou preparada, não tenho estrutura para ser mãe de uma criança defeituosa". Então, você não é digna de ser MÃE, de ter um anjo especial na sua vida, de ir à Holanda - lembrei do texto que a professora Solange, da disciplina de Psicopedagogia Inclusiva, distribuiu a minha turma.

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