domingo, junio 23

RIMANCETE - Manuel Bandeiras


À dona de seu encanto,
à bem-amada pudica,
Por quem se desvela tanto,
Por quem tanto se dedica,
Olhos lavados em pranto,
O seu amante suplica:
-O que me darás, donzela,
Por preço do meu amor?
— Dou-te os meus olhos (disse ela),
Os meus olhos sem senhor…
- Ai não me fales assim!
Que uma esperança tão bela
Nunca será para mim!
O que me darás, donzela,
Por preço do meu amor?
— Dou-te meus lábios (disse ela),
Os meus lábios sem senhor…
- Ai não me enganes assim,
Sonho meu! Coisa tão bela
Nunca será para mim!
O que me darás, donzela,
Por preço de meu amor?
-__ Dou te as minhas mãos (disse ela),
As minhas mãos sem senhor
- Não me escarneças assim!
Bem sei que prenda tão bela
Nunca será para mim!
O que me darás, donzela,
Por preço de meu amor?
—Dou-te os meus peitos (disse ela),
Os meus peitos sem senhor…
- Não me tortures assim!
Mentes! Dádiva tão bela
Nunca será para mim!
O que me darás, donzela,
Por preço de meu amor?
—Minha rosa e minha vida…
Que por perdê-la perdida,
Me desfaleço de dor…
- Não me enlouqueças assim,
Vida minha! Flor tão bela
Nunca será para mim!
O que me darás, donzela?…
— Deixas-me triste e sombria,
Cismo… Não atino o quê…
Dava-te quando podia…
Que queres mais que te dê?
Responde o moço destarte:
- Teu pensamento quero eu!
—Isso não… não posso dar-te…
Que há muito tempo ele é teu…

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