"... Russel sente na espinha o arrepio que atravessa os taquarais da noite. Imensidão esses horizontes, como espelhos que dançam no escuro. Elevadas pilastras eternas que sustentam a noite. Cortinas vagas abaúlam a noite. Desventura da noite, plenitude da noite. Noite sagrada e sua imensidade. Infinito é o nome das distâncias que partem rumo ao sonho. Eternidade é uma palavra sem fim. Negror da noite. Nome da noite: eternidade. Profundo é o sonho daquela montanha, um cavalo que parte para ignotas e incógnitas profundidades. A existência se esquece dos sonhos de Oblivion. Viagem para o rio Letes, onde a música é suave e tranquila. Cavalgando, trote dos cavalos ouvindo 'Anos de Peregrinação', de Franz Liszt. No fundo da alma, 'Primavera', de Botticelli. Patas dos cavalos que nunca terminam nem começam. Música da noite. Melodia das constelações. Horizontes que deixam adivinhar sua secreta música, sua secreta pintura. [...]"
Pag. 25 & 26 do livro O Velho Moço e outros contos, de Ricardo Guilherme Dicke
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