Sábado, 17/05
No curso do IBC a
professora nos fez ter a vivência de ser cegos – digo, cegas, pois só há
mulheres na turma – com algum resquício auditivo, visto que o tampam não
impedia totalmente o sentido auditivo.
Obviamente no início
foi angustiante tal “vivência”, pois eu me senti caminhando para o nada. Que
sensação!!! Foi tudo muito intenso, embora eu não estivesse com os outros
sentidos tão apurados quanto o deficiente visual, por exemplo, ou mesmo um
surdocego que tem o seu olfato preservado (alguns nem o olfato).
Cada quebra-mola
(lombada) era uma montanha-russa... A escuridão era ainda mais terrível –
descrevo isso porque o salão do IBC além de demasiado grande é pouco luminoso
–, mas logo depois quando saímos do room – minha guia e eu – senti a luz do sol
ainda mais vibrante e até tive a sensação de largar minha colega de turma
(minha guia) para ir em direção ao astro rei. As árvores, as plantinhas eram
como carícias.
Não tive como remeter
à experiência que tive com o professor Nando do Rompendo Barreiras. Todavia, a
diferença era que com o Nando (quando fiz o curso de braille) era somente cega
e minha audição ficou hiper apurada, pois estávamos na UERJ e fomos até o salão
do andar, onde fica a lanchonete e os elevadores, e no momento a universidade
estava bem cheia, bom, pelo que ouvi.
Concluo deixando aqui
registrado que tal experiência foi muito valida, pois pude viver/sentir um
pouquinho o que o sujeito surdocego vive/sente. Confesso que me sinto temerosa
com tal trabalho, mas me alegro demais a cada semana, a cada conhecimento
adquirido.
No dia 31 de maio tive meu primeiro contato com uma pessoa surdacega, pois a professora convidou um voluntário do Instituto para contar-nos sua experiência, falar um pouco de si. Confesso que mesmo sendo um adulto fiquei muito envergonhada e temerosa de me aproximar. Mas eu creio que passado o medo conheci alguém que eu espero tornar-se meu amigo. O André ficou surdo já há alguns anos e ainda tem resquícios visuais, embora a sua cegueira noturna (ou seja, quando não há claridade) e eu sinto que por termos idades próximas e gostos semelhantes, podemos ser amigos e assim eu posso com ele entrar "nesse mundo" que tanto me instiga.
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