Não sei se aqui já ousei transcrever o que escrevi aos meus professores do curso de Psicopedagogia Clínica, não me recordo, confesso; mas de qualquer modo abaixo copiarei, pois acho relevante neste espaço apontar.
"Em 2009,
graduei-me no curso de Pedagogia Bilíngue no Instituto Nacional de Educação de
Surdos - aqui no Rio -, digo, pela faculdade do Instituto. Sempre disse que cai
de paraquedas nessa área, pois a psicologia há muito é o meu maior desejo.
Todavia, embora ali estivesse (pelo mundo dos sujeitos surdos) e desejasse ser
psicóloga “deles”, ou seja, focada nos indivíduos surdos, logo me apaixonei
pela educação. E assim que soubera da psicopedagogia soube que era tal
especialização que eu queria. Aos poucos, então, galgo o que tanto
planejei/desejei desde os primórdios da faculdade.
Sendo
assim, logo que pude busquei uma universidade que tivesse a tal especialização,
que até então eu pouco conhecia. Não posso afirmar que todas as graduações são
omissas quanto à psicopedagogia, só posso falar da minha experiência, e nela eu
nada e/ou pouquíssimo soube sobre a nossa área. Neurociência então nem se fala.
Nem ouso cogitar. É um misto de vergonha e de revolta, que sinto, por tamanho
descaso. Mas graças a Deus venho percebendo que sempre existe aquele
profissional que faz a diferença e mobiliza a todos que estão a sua volta. Uma
andorinha só pode não fazer verão, mas faz uma baita diferença.
Aprender
-> construir em alegria um outro tempo nesse tempo. No es así? Sendo então
necessário perdermos algo velho a fim de que aprendamos algo novo. Não “perder”
literalmente, mas sim conectar o passado com o presente com o intuito de
recriar o nosso conhecimento. Aí lembrei, me remeti ao incomodo sentido na 1ª
atividade que a senhora propôs. Realmente é mais “fácil” ser apenas mais um num
grupo que necessita se homogeneizar. Talvez seja por isso que a Escola da Ponte
não vincou, tampouco disseminou tanto quanto necessário. Conheci o ilustre
professor José Pacheco em 2008. Vibrei e sonhei com a até então surreal
proposta de ensino-aprendizagem do nosso querido mestre português. Acho
fantástico quando conectamos um fato à fato, quanto concatenamos um
conhecimento à outro. Apesar de amar a ideia da Escola da Ponte e ser contrária
ao método tradicional que Foucault tanto trata, de certa maneira, em seus
textos e apontamentos; nela cresci e fui instruída. As Hiclas que vivem em mim
foram, de certo modo, mais uma vez constrangidas, instigadas a sair do
padronismo boçal. Pensar fora da caixinha nos exige que tenhamos uma outra
postura. Daí faz total sentido que nós, enquanto psicopedagogos (as) saibamos
nos posicionar de forma que cuidemos extremamente de nós para então bem
auxiliarmos o outro. Embebedo-me nas suas palavras, e logo lembrei de uma
atividade na Oficina de contadores de histórias que fiz em 2012. Estou me
fazendo ser compreendida? Às vezes escrevo sem pensar. Igual a Clarice
Lispector. “Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo o que meu
inconsciente me grita.”
“Conocer verdaderamente
cómo un sujeto aprende es un concepto revolucionário en el sentido de aceptar
al sujeto como es y hacer que el sujeto aprenda de verdad y no haciendo de
cuenta. Esto significa una modificación muy grande en el sistema y en la
educación. Para una persona, el aprendizaje abre el camino de la vida, del
mundo, de las posibilidades, hasta de ser feliz”. – Jorge Visca
A conheci (Alicia Fernandez) na faculdade onde faço a especialização em Psicopedagogia Institucional, que ainda
curso concomitantemente ao curso do EPsiBA, e desde então comecei a pesquisar
sobre a senhora, ler os seus livros (que tanto me ajudam na monografia – o tema
é sobre o discutido déficit de atenção, causa de dificuldades com minha
orientadora) e, finalmente, soube sobre o Espacio Psicopedagogico de Bs As.
Lembro que ano passado participei de um Simpósio da Associação Brasileira de
Dislexia e num dos dias conheci uma psicopedagoga que disse trabalhar com
ênfase no déficit de atenção; logo que a mestra comentou sobre tais
profissionais especialistas, no nosso último encontro, me remeti a tal situação
tão reflexiva e preocupante.
Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os
desejos dos outros fizeram de mim.
Álvaro de Campos
Estou
vivendo um sonho, pois me alegra muito fazer essa especialização com a senhora.
Agradeço a Deus todos os dias por tal oportunidade. Tenho participado pouco,
pois ainda não exerço a profissão que tanto sou enamorada. Contudo, aprendo
muito não somente com a senhora e com o professor Jorge, mas com cada um dos
seus alunos (aqueles belíssimos profissionais que tanto me inspiram também),
com a Yara e com a Viviane. Gosto de ficar quietinha ouvindo o que vocês têm a
me acrescentar e como criança com os olhinhos brilhantes e arregalados de
curiosidade e admiração escuto minuciosamente cada silêncio pronunciado, ávida
por conhecimento. Sinto-me honrada por essa experiência e consciente da
responsabilidade abraçada.
Ensinar, para Lacan, é ir além das práticas estandardizadas,
convocando à estrutura do novo.
Mmmmmmmmmmmmmm...
Quem eu sou? Quem eu posso vir a ser? Até onde
posso ir? Quais são os meus limites?
Sou uma jovem criança
sensível por natureza, que vive aprendendo a domar os sentimentos que às vezes
querem implodir dentro de mim. Apaixonada pela vida por demais, recentemente
aprendi que até o sofrimento tem um sentido. Um cadinho teimosa, confesso, vivo
entre meus miles eus. Admito que certa vez pensei em mostrar a todo mundo que
eu não precisava mostrar nada a ninguém. A minha característica imutável,
incurável e degenerativa faz de mim uma constante interrogação, uma metamorfose
ambulante. Às vezes sou volúvel ao extremo e até me assusto comigo mesma.
Até onde posso ir? Prefiro
deixar estar e ir navegando lentamente o meu barquinho, no me gusta criar
expectativa. Em tal momento vacilei, pois foi preciso, para então me tornar agente do
destino, tal qual Winnicott tanto pontua, com a finalidade de depois me
autorizar ser autora da minha autonomia (sendo relativamente autor(a) a medida
que me permito ter autonomia). Aquele receio inicial não me estagnou, pois eu
não deixei, ao contrário, tal friozinho na barriga me motivou, me impulsionou a
seguir adelante. Eu, portanto, faço
com que minha ignorância me impulsione para além da vontade ciente de sempre
desejar. Deixarei o meu livro responder que o céu é o nosso limite.
Dentre tanta dor, um sorriso puro. Subi mais um degrau, iniciei
minha especialização em psicopedagogia e estou tão feliz por estar realizando
mais um sonho, que este sentimento mal cabe em mim. Necessito compartilhar que
tudo acontece de acordo com o que almejo, estou galgando o prometido e, enfim,
um dia poderei partir deste mundo material, pois minha missão estará cumprida.
Como disse o querido Mário Quintana: “Viver é acalentar sonhos e esperanças,
fazendo da fé a nossa inspiração maior. É buscar nas pequenas coisas, um grande
motivo para ser feliz”. Noites em claro, renúncia de vários tipos, estudos e
infinitas pesquisas. Tenho sede de conhecimento e sinto orgulho das minhas
olheiras. Percebo a cada instante que o profissionais cientes do que a si
competem são humildes e pesquisadores insaciáveis, preocupados ao extremo, de
certa forma, e conscientes da sua eterna ignorância."
Ao que mis maestros contestaram-me:
Cuánto me alegra leer tu profunda, reflexiva y comprometida escritura.
Tú eres una de esas "aprendiseñantes" que nutren y mantienen vivo mi
deseo de enseñar.
Pues como tu dices, los espacios de aprendizaje que proponemos con
Jorge, no son fáciles (ni para nosotros ni para Uds.). La dificultad que supone
atreverse a conocerse (y tratar de transformar-se), al mismo
tiempo que vamos conociendo y constituyendo teorías y prácticas, es uno de los
terrenos donde nace la alegría.
Quiero destacar que has conseguido en tu escritura interrelacionar
saberes y experiencias de vida con conceptos trabajados por diversos autores,
en una interesante tejido que convoca como lectores a pensar y pensarnos.
¿Cómo está? Su testimonio me ha parecido muy lúcido y también pleno de
vibraciones afectivas.
Creo que hay personas que -o porque lo desean y lo eligen, o porque es
lo que han podido...- arman sus recorridos profesionales andando solamente por
las "estradas" bien delimitadas y "respetando" su carril...
Hay otras que transitan (transitamos) -porque lo elegimos o porque es lo
que pudimos- por los caminos secundarios o buscando y construyendo senderos
para seguir... a veces nos alejamos de alguna meta ... pero descubrimos muchos
paisajes y posibilidades en el trayecto...
Nadie puede anticipar quién llegará "más lejos" o cuántas
alegrías se procurará... lo que sí sabemos es que el deseo triunfa cuando
conseguimos seguir deseando y que en cuanto andemos buscando "algo",
iremos encontrando "algo" (otras cosas), que contribuyen a que nos
experimentemos como "subjetividades vivientes", como sujetos
deseantes y pensantes.
Espero que nuestro curso sea para Ud. también la oportunidad de hallar
"algo" de lo que busca y "algo" de lo que uno a veces
encuentra sin preverlo...
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