miércoles, septiembre 7

Canto Cidadão

Quero divulgar um belíssimo trabalho de um novo amigo, e, claro, o site deste trabalho. O trabalho que vos falo é uma ONG chamada Canto Cidadão, que tem como missão "produzir e democratizar conteúdo multimídia orientado para a importância do exercício da cidadania em todos os aspectos e da participação organizada da sociedade civil no desenvolvimento do Terceiro Setor, fortalecendo os seus pilares e contribuindo para o equilíbrio social". Ou seja, esta ONG conhecida mundialmente, segue os passos do Dr. Pach Adams (se não conhece, veja ao menos o filme Patch Adams - O amor é contagioso), levando uma legião de palhaços voluntários a hospitais e asilos em prol de ouvir e levar amor a irmãos adultos e idosos enfermos.
http://www.cantocidadao.org.br/

A chuva fez amor comigo. Ela, Erastis. Eu, Eromenos (achei tão lindo o que texto que li que abaixo descrevo um trecho, ok?)
"[...]No caminho, muitos colegas iam parando, refugiando-se em espaços cobertos. Eu insistia em não me cobrir. Queria descobrir cada vez mais.
Veio, então, o ápice do encontro.
Depois da exaustão física, o momento de alongamento. Deitei-me, ainda em processo de descobrimento, de cara para a chuva, que chovia em seu nível mais intenso. Respiração ajustada, músculos equilibrados, comecei a sentir beijos. Um, doze, cento e quarenta, treze mil e quatrocentos, centenas de milhares, incontáveis.
A chuva me beijava despudoradamente.
Eu estava naquela posição de índio, com as pernas cruzadas e as costas encostadas no chão. Espontaneamente, soltei as pernas e me recostei totalmente, entregue àquela orgia improvável e deliciosa. A chuva estava me conduzindo, com uma ousadia carinhosa, intensa e delicada.
Entreguei-me, absolutamente.
Tornei-me Eromenos, jovem e inexperiente amante da Antiguidade; a chuva, Erastis, amado que colocava o seu vigor erótico a serviço da fundação de novos mundos pela revelação de seres.
Como a chuva é mal compreendida, recriminada e maltratada em nossos dias, especialmente nas grandes cidades, monstros disformes e descabidos. Ela se tornou uma espécie de vilã contemporânea, como alguém que tivesse chegado à festa sem ser convidado.
A chuva sempre choveu, desde a noite dos tempos.
Ela atrapalha o trânsito? Não, é o trânsito que atrapalha a exuberância da chuva no final da tarde, insistindo em brincar com o lusco-fusco mesmo em meio às partículas poluídas. Creio que parte da chuva nas cidades enclausuradas é choro. Ela chora, tal qual dama incompreendida, cheia de amor e paisagem abandonados por olhos em constante estiagem.
O aparelho eletrônico tocador de músicas resistiu à intempérie. Mais do que isso, ele foi um discreto mecenas da obra de arte íntima que acabara de ser concebida. Em vez de notas monetárias, notas musicais que vieram em uma sequência sublime.
Nunca a função “Ouvir aleatoriamente” do equipamento havia funcionado de forma tão magistral.
Despedi-me da chuva com um sorriso no canto dos lábios, daqueles que denunciam um ato ou pensamento cheio de segredos prazerosos.
Corri, não mais como exercício físico, mas em direção ao bloco de notas, transformado naquele instante em um diário juvenil. Mãos trêmulas, molhadas e desejosas de registrar para contar a quem quisesse saber que o autor havia sido seduzido, beijado e tocado. Vibrava com a possibilidade real de parir gotas generosas, fecundado que estava pela chuva."

Texto de Felipe Mello
felipe@cantocidadao.org.br

1 comentario:

  1. Lindo texto!
    É por isso que adoroooo a chuva, o cheiro da chuva!!!
    Adorei saber desse trabalho, acho lindo queria muito ajudar, enfim Fica a admiração por esse trabalho tão belo e que um dia quem sabe eu possa ajudar!
    Beijos Amiga!

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