domingo, agosto 31

Depoimento para o Ataxia Rio

Minha amiga pediu que eu escrevesse algo para colocar visivelmente para quem conhece e participa do Ataxia Rio, então aqui vai o Ctrl + C e Ctrl + V:
           
 Se a memória não falha, foi aos 20 anos que soube ter Ataxia Cerebelar. Lembro que naquela época eu entrei num profundo luto, admito, pois “de repente” saber ser considerada deficiente física e ter uma síndrome ainda pouco conhecida e sem cura não foi fácil. Contudo, como o grande psicólogo Carl G. Jung afirma: “Quem olha pra fora, sonha; mas quem olha para dentro, acorda.” E quando eu acordei... Acredito que minha vida se divide em duas fases: antes e depois da descoberta. Sou outra pessoa, digo que minha característica é a minha benção. Já sofri muita discriminação; preconceito, só conhece o gosto quem sente na pele. Já ouvi coisas absurdas, mas os anos me ensinaram que paciência é a arte de se libertar de cargas emocionais dispensáveis para manter o estado de paz. Deus não nos dá uma cruz maior do que a que podemos carregar/suportar. Sou muitíssimo feliz e grata a Ele. Fiz um blog, há algum tempinho, e nele me proponho a tratar do quanto o nosso emocional/psicológico influencia o físico. Nunca me envergonhei da minha “característica”, nem quando pessoas da minha vida se envergonham dela. Alguns amigos, ditos preocupados, já me aconselharam a buscar a cura (de várias maneiras), porém humildemente as escuto calada orando que a Natureza tenha misericórdia de tanta “estupidez”. Digo estupidez não por mal, mas é que embora até o momento não exista cura para nós portadores de Ataxia Cerebelar, há muito me considero curada; todavia tal cura é totalmente diferente daquele que muitos creem. Confio tanto no meu Pai e minha fé é tão inabalável que acredito ser especial, realmente especial. Claro que às vezes sinto medo e me pergunto o que e como será amanhã, mas a vida é tão bela, tão mágica etc., mesmo apesar das mazelas que vemos e ouvimos ao nosso redor, que tenho esta vida como presente e tal presente deve ser vivido intensamente no aqui e agora. A vida é feita de escolhas e eu escolhi viver o hoje. Faço Yoga há alguns anos, há poucos meses, voltei a praticar Tai Chi Chuan e essas duas artes me completam tanto que não tenho tempo para perguntas. Estudo demasiado, sou minha própria psicóloga e tenho esperança de que logo estarei exercendo a profissão que tanto sou enamorada, a Psicopedagogia. Antes, pensava (em um dia) mostrar a todos que sou capaz, entretanto, aprendi que eu não preciso mostrar nada a ninguém. Como diz minha amiga Lilia Alves, “não perco mais tempo com bobagens”.

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