domingo, agosto 17

Reflexões da "fada" Hicla

Nos últimos momentos eu vivia em dúvidas, em questionamentos sem fim, em reflexões que ora me aquietavam, ora me perturbavam ainda mais. Apesar do amor sentido, do sentimento inefável que eu precisei transformar a fim de não mais me sufocar, compreendi que embora não tenha sido o “término” almejado, tal sucedido antecipou o que eu não tinha coragem de fazer, mesmo ciente da proximidade do fim (fim de um ciclo). A gente foi aos poucos amadurecendo juntos, o amor que começara tímido foi crescendo e dando provas da sua verdade, éramos duas crianças que nutriam um gigantesco vínculo de amizade. De repente a confiança se viu abalada. O castelo desmoronou. O chão se abriu e eu agora confesso para mim que acredito que o meu coração ainda sofre. Vejo a cicatriz e embora consiga não mais sentir dor, não aquela dor, sinto, sinceramente, que um pedaço de mim ainda custará a cicatrizar. Decidi renunciar com o intuito de conhecer a Hicla que só então passei a descobrir. Como fugir de uma luta? Como mostrar a mim (mais do que a você) o quanto sou capaz? Eu posso! Eu quero e desejo! A Hicla eterna entendera, então, o medo que ele sentia. O destino é meu! Vacilei, é verdade, fui fraca e covarde, mas meu amor fizeste por mim o que eu sozinha não era capaz. É a minha benção, a minha prova. O preconceito e a duvida sentida pelo meu menino foi perdoada há algum tempinho. Ainda ontem percebi resquícios das suas palavras, das suas atitudes, mas eu não consigo sentir raiva. A raiva foi momentânea, o caos passou aos poucos, pois tudo passa. Tudo passou como borracha. A água limpou aquelas momentâneas amarras de sentimentos contrários aos que um dia jurei junto ao divino (lealdade, sinceridade e eterno amor cumplice junto ao Pai). Pela minha mãe, pelo meu bebê (meu gato) e por mim, pelo meu futuro resolvi ficar. Aqui ficar. Entretanto o medo, a fraqueza, a fragilidade não me deixavam dizer. Ao proferir sabia que me mataria. Não era o dinheiro. Não era a distância física. A traição foi somente uma fuga. O seu anjo tem uma doença, doença que sempre amedrontou. Por mim! Mas por mim eu decidi ficar. A curiosidade e a vontade de me conhecer, de me mostrar gritavam dentro de mim. A faculdade não me bastava. Nunca me bastou. A psicopedagogia me fisgou. A neurociência me fascina, por hora me fascina, minha nova e eterna paixão. Freud, Lacan, Jung, Foucault, M. Klein, Alicia Fernández, Jorge Gonçales, Sara Paín, Piaget, Vygotsky. Wallon. Winnicott. ... Agora creio que muito mais claramente percebo o por quê fiquei. Meu novo projeto é esse livro. Esse mar que ousei navegar é novo. O desafio excita, embora exista um certo medo. Agora creio que muito mais claramente percebo o porquê fiquei. Meu novo projeto é esse livro. Meus sonhos mal cabem em mim. Conheci o Ataxia Rio e hoje aguardo o resultado do teste genético. Aos outros me mostro e a mim me mostro ainda mais. Sou apaixonada por mim. Sou ainda mais. Apaixono-me a cada dia por mim mesma e pela vida. Conheci muitas pessoas depois de ti. Umas já se foram e deixaram um pouquinho de si, outras nem tanto, outras persistem e eu insisto. Nada é por acaso! Agora, desde já entendo muito mais.

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